terça-feira, 14 de outubro de 2014

Carta Capital: "Não é Dilma contra Aécio. São Projetos Diferentes de Sociedade"



Uma imperiosa contradição está no ar: como seria possível uma renovação se o tucanato pretende voltar ao passado, e disso não faz mistério? Como seria possível, de resto, que promessas de mudança pudessem ser postas em prática por conservadores empedernidos? Conservador conserva, diria o Chico Anysio de antigos tempos.

Não bastassem as antecipações de Arminio Fraga, candidato a ministro da Fazenda em caso de vitória tucana, a fornecer um trailer de puríssima marca neoliberal, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apressa-se a esclarecer, entre a ameaça e o didatismo, que quem vota Dilma além de pobre é desinformado. E qual seria a informação correta?

Fraga prontifica-se a informar o globo de um polo ao outro, no debate com Guido Mantega, mediado (mediado?) na Globo por Miriam Leitão: a crise econômica mundial acabou há cinco anos. Gostaríamos de imaginar, na nossa irredutível ousadia, o que pensam a respeito Angela Merkel , ou Barack Obama. Tendemos a acreditar que ambos os citados, e outros mais habilitados à citação, agradeceriam Fraga por sua oportuníssima revelação.  Há incertezas quanto a existência de Deus, mas dúvidas não subsistem em relação a Fraga , seu profeta.

Na linha das revelações , o Clube Militar informa que, com Dilma reeleita, o País estará à beira da sovietização. Há militares ainda dispostos a recorrer a terminologias emboloradas. Ao longo da campanha tucana, corroboradas pelos editoriais dos jornalões, desfraldaram termos mais contemporâneos. Imperdoável é ser “chavista”, ou “bolivariano”. Pois o único, indiscutível chavista brasileiro é Fernando Henrique Cardoso, que provocou a alteração constitucional destinada a permitir sua reeleição. E não hesitou para tanto em comprar votos de parlamentares.

Não invoquemos, de todo modo, exames de consciência por parte da mídia nativa, postada de um lado só na qualidade de porta-voz da casa-grande. Neste exato instante ela transforma em peça eleitoral o vazamento de depoimentos secretos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Youssef e de sua contadora. Deles emerge uma complexa história, cujo ponto central seria a chantagem sofrida por Lula, por parte de parlamentares da base governista, para forçá-lo a nomear Costa para a direção da estatal.

Era de esperar que a mídia nativa extraísse da manga a carta pretensamente letal. O déjà vu é próprio destas atribuladas vésperas eleitorais desde quando o PT apresenta um candidato à Presidência da República. Lula avisa: “Nunca fui submetido a qualquer gênero de chantagem por parte de congressistas. Fala-se de fatos que teriam ocorrido há dez anos, de sorte que, para averiguar a sua veracidade, seria preciso ouvir o então ministro das Relações Institucionais, o então chefe da Casa Civil, o presidente da Câmara, o líder do PT”.


Tomados em conjunto, comportamentos e eventos dão razão a Lula quando afirma que esta eleição, antes ainda de confrontar Dilma e Aécio, coloca frente a frente dois projetos de Brasil, duas visões profundamente opostas de vida, de mundo, de política, de fé.

Para ler a entrevista de Lula à Carta Capital, clique aqui

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