segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Longa Polarização da Política de Chapadinha



Por: Almir Moreira – Advogado

Há pouco mais de uma década fizeram tudo para exorcizar o Prefeito de então, Isaias Fortes. Na época qualquer um servia para derrotá-lo. Todo o mal estava encarnado nele. Era considerado péssimo administrador, político e cidadão, até se a chuvas faltassem ele era o culpado. Naquela eleição ele não se importou. Parecia cansado, entorpecido. Eu estava lá participei na chapa dele – hoje muita gente que pousa de santo tem vergonha de dizer que estava com ele -  vi tudo e sei que àquele pleito não foi dado a devida atenção, foram poucos os que suaram a camisa, dos seus, Isamara se destacou. 

Francamente, quase me esgoelo para defendê-lo sabia que os erros por ele cometidos não diferiam em nada do que permeava ou permeia a política, até o idolatrado José Sarney os cometeu, se não sabem, foi acusado de traidor, grileiro, defensor da ditadura e como tal apoiou a repressão, inclusive à Igreja Católica; como administrador sentado na cadeira mais importante do Brasil viu o tempo passar e pouco fez pelo Maranhão. O Parque dos Lençóis Maranhenses, por exemplo, rico para o turismo nacional e internacional, instrumento hábil para desenvolver aquela região e de lambuja São Luis não foi visto, estar aí a dizer a dificuldade de acesso ao mesmo. Para chegar nele corre-se risco de todo jeito, até de peitar em búfalo nas precárias estradas que lhe dão acesso, como aconteceu com um deputado outro dia. E para quem pensa que turismo é frescura vejam o Estado do Ceará, a partir de suas belezas naturais deu um impulso no seu desenvolvimento.

Defendi o ex-prefeito e participei da chapa dele porque compreendia que não bastava tirá-lo do poder, tirar por tirá-lo, era preciso algo mais, era preciso uma alternativa de poder capaz de promover uma nova hegemonia política social disposta a fazer o povo “esquecê-lo”, para isso só um governo voltado para o novo, diferente do modo tradicional de governar, e naquele momento isso não se apresentava. Como não tínhamos esta alternativa eu, Raimundo Marques e Carlos Henrique resolvemos participar com Isaías, mas fizemos nossas exigências, todas de cunho eminentemente político. Ocupamos um lugar de destaque na Chapa majoritária, fui o escolhido para ser seu companheiro de chapa como candidato a vice, construímos em comum, apoio para a reeleição do nosso vereador e o elegemos, Carlos Henrique. Tínhamos carta branca para ajudar na montagem do novo governo e de sua plataforma. Queríamos reformar o governo por dentro. Avaliávamos que não tínhamos uma alternativa de poder inovadora e, o mais sério, nosso povo se mostrava em grande parte alheio a política e via em Isaias seu grande líder. Nossa tática era essa: participar do governo com direito a nele influir, mostrar nossas idéias.

Pouco tempo depois, o que nós fizemos em Chapadinha o maior expoente da política maranhense, em outras condições, mas semelhantes, repetiu no Maranhão, Dr. Jackson Lago cansado de ser surrado nas eleições se uniu com o que de pior tinha na política maranhense para vencer as eleições e venceu. Aqui, eu e Raimundo Marques fomos xingados, por nos juntarmos com o grupo de ex-prefeito Isaías, lá em São Luís Jackson foi endeusado.

Passado todo esse tempo, justamente em face da alternativa de poder não ter sido desvinculada do modo tradicional de fazer política no Município, Isaias, a despeito de cargo público, mandato político e até de grupo mais robusto continua vivíssimo como político e, sem dúvidas, é o maior líder nesta condição na Chapada, capaz de votar e ser votado. Capaz de respeito e de tapete vermelho por quem quer que esteja no Palácio dos Leões. 

Aproximam-se as eleições municipais, pois, eis que o terreno para uma mudança substancial não foi preparado, não foi feita uma única investida no terreno social, no âmago da sociedade capaz de mobilizá-la. Lembram-se da campanha vencedora de Zé Almeida? Ela começou bem antes do momento eleitoral propriamente dito. Ela surgiu junto com a vontade popular, envolveu segmentos e organismos vitais da comunidade. Hoje com um arsenal formidável para mobilização e produção do debate das idéias, sobretudo na utilização do Judiciário como instancia para freio e esclarecimento de situações, nada vi ser utilizado. Só a denúncia barata feita isoladamente sem força de mobilização e politização, e feita por poucos. Por incrível que pareça a denúncia mais forte partiu do grupo do ex-prefeito, na pessoa do vereador Marcelo Menezes, mas este fez ao seu modo e com interesse definido. 

Novamente vamos para a eleição como se fossemos para disputa de uma partida de futebol, daquelas que estremecem os estádios, Palmeiras vs. Corinthians

Um comentário:

Ormanne Fortes disse...

Belo texto Dr. Almir
Permita-me acrescentar uma pequena anotação.


" Novamente vamos para a eleição como se fossemos para disputa de uma partida de futebol, daquelas que estremecem os estádios",
* Palmeiras vs. Corinthians.

No campeonato futebolístico quem ganha um título de vencedor leva uma taça como resultado pro resto da vida que não vai interfirir na vida de todos em sociedade e sim apenas em um grupo específico de torcedores (depois que passar a euforia passará a alegria ou a tristeza). ENQUANTO que na política o resultado é erga omnes, não importando se os resultados são bons ou ruins para a comunidade e tanto faz o eleitor ter votado ou não, sofrerá as mesmas consequencias também talvez pro resto da vida atingindo inclusive outras gerações (poderá passar a alegria, porém a dor poderá se estender por quase toda vida).

Ormanne Fortes