quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Política e a Força da Grana


Por: Almir Moreira – Advogado

Outro dia postei em minha página no facebook opinião a respeito da nossa responsabilidade – do povo – sobre os acontecimentos na política. Toquei na ferida, disse que somos os primeiros responsáveis e que essa situação de coitadinho ou de vitima não cabe bem, afinal nossos representantes são eleitos com nossos votos. Imediatamente, a bela Adriana Cunha, profissional de respeito, retrucou. Disse que a coisa não era tão simples assim, tudo bem, concordo, mas que isso se arrasta por muito tempo e é fato, isso é. 

O que falo em linhas gerais é sobre o desinteresse dos cidadãos por tema tão importante. 

Sempre me preocupou o alheamento das pessoas pela política, e nestes dias de hoje a coisa recrudesceu. Xingar e esculhambar virou moda é usual. E, pior, ela é tratada quase da mesma forma como em idos tempos, como se fosse algo apartado da sociedade ou da realidade, digna das monarquias absolutistas vistas como divinas, como algo superior à sociedade. A queda da bastilha inaugurou os tempos modernos estabelecendo a República, o poder antes divino passou a ser do povo, mas este ainda hoje age como se o seu governante ou representante não saísse do seu meio. É normal se falar assim: esses políticos, isso é coisa de político, esses políticos não tem jeito... É mais ou menos como se alguém na maternidade já nascesse com o carimbo de político. Parece que a consciência de que o governante era uma determinação divina foi apenas trocada para outro tipo de pensamento, o de que só pode ser candidato quem tem posses.

Pois, eis que agora, o jornalista e político Alexandre Pinheiro através de uma enquete em seu blog a respeito da preferência eleitoral para o próximo pleito, confirma o alheamento do povo pela política. O resultado não foi outro, a preferência foi apoiada no candidato que tem a conta bancária mais cheia. O critério sequinho foi esse: grana. Independente da envergadura moral e intelectual (competência) para a direção de um cargo político. E, olha que os votantes, supõem-se, são os de melhores condições financeiras na sociedade. São pessoas que sabem ler, tem instrução e informação. Por isso a meu ver é grave o resultado, é como se dissesse assim, só pode participar das eleições e com chances de ganhar quem tem dinheiro. O requisito é este e, pronto! 

Pois, se o requisito é este, a lógica do resultado pode ser, quem investe dinheiro, quer dinheiro de volta e, sem dúvidas, com lucro. Lixem-se plataformas gerais e prioridades que visem atender de forma ampla a sociedade como, por exemplo, educação, saneamento e política de rendas efetivas. Educação integral? Prá quê, só para gastar mais verbas com professores e funcionários? Não, nada disso, é melhor a construção, a do tipo que faz dinheiro sumir como, estradas vicinais, poços artesianos, pontes de madeira, meio fio e coisas do gênero, não que não sejam também importantes, mas estas muitas vezes não são prioridades e engolem tubos e mais tubos de dinheiro. Esta é a lógica da política vencedora na enquete avalizada, divulgada e testada pelos votantes. 

Sem nenhum demérito aos nomes postos na enquete, acho até que podem ser bons governantes, mas no fundo o participante da pesquisa mostrou preferência pelo candidato que tem dinheiro, e para ganhar reconhece que a “força da grana que ergue e destrói coisas belas” na voz de Caetano é o que manda mais.

Um comentário:

EDNEWTON VIANA disse...

Concordo plenamente com a opinião do Advogado Almir Moreira, é inconcebível que em tempos de século XXI, nós nos deparemos com situações explícitas como essa a que vc descreve, a compra de voto. O favorito é aquele que tem mais dinheiro. Com isso, o retorno, com certeza virá e será desproporcional ao investimento na campanha, não tenha dúvida, é certo, e se tiver uma catástrofezinha, hummm que delícia!!! O retorno será mais alto e rápido. Votar ou apoiar candidato só porque ele é rico?? Não sei se é bem assim. O Antônio Ermírio de Moraes, foi eleito?? Infelizmente a minha terra continua provinciana políticamente. O bom seria que essa rapaziada, jovens e novas lideranças se manifestassem e pudessem colocar fim nessa pseuda idolatria enganosa. REAJA CHAPADINHA!! Chapadinha tá inchada e sem perspectivas, sem infraestrutra, sem planejamento, sem saúde pública e sem vergonha de apresentar os mesmos candidatos de sempre. É uma fartura, Falta de tudo!!!!