sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vai uma Xenofobia ai?


Na ânsia da crítica rasa a oposição local baixa aos porões do preconceito contra pessoas que não nasceram aqui. Comemoram a saída de João Damiani porque ele não era chapadinhense.
O Desafio Antropológico
Logo na primeira linha há uma frase (diria) simplória, mas com um enorme desafio antropológico, quando se alto-proclama “verdadeiro chapadinhense” faz-nos pensar quem realmente merece tal honraria: os índios anapurus (onde estão eles?) que habitam estas terras mesmo antes dos filhos das mulatas, dos maranhenses vindos de outras vilas, dos cearenses e piauienses em fuga das secas e, por últimos, dos descendentes dos que vieram dos Pampas.
Amor sem Passaporte
O papel dos “forasteiros” foi tão importante que da primeira professora aos médicos pioneiros e se duvidar nosso cosmonauta inaugural haverá de ter nascido em outras terras.
Em cada família um ente querido que adotou e construiu Chapadinha. O cearense Pontes de Aguiar; o piauiense Isaías Fortes; Raimundo Marques e José Almeida, vindos do vizinho Buriti; Sebastião Pinheiro, da baixada maranhense... Assim estamos erguendo um lugar diverso e múltiplo que não exige certidão na colhida nem passaporte nas relações de amor.
Índex Injusto e Simbólico
No rol de pessoas apontadas como estranhas ao nosso meio há duas ignorâncias e um símbolo.
Como já mostrei que fica difícil separar os filhos “legítimos” dos adotados inclui-se ai os irmãos Joaquim e Graça Nunes, filhos do antigo coletor e proprietário rural Joaquim Nunes Filho, nascidos e criados aqui junto com vários outros irmãos.
Por símbolo das pessoas que aqui vieram na condição artífices do bem, temos a ex-secretária Noni Braga que é natural de Nina Rodrigues. Na primeira administração de Magno Bacelar, ela retirou a educação do caos deixado pela gestão anterior. Após sair do governo, Noni foi visionária e na iniciativa privada arquitetou a Faculdade do Baixo Parnaíba, formadora de gerações e orgulho de todos.
Autonomia Calça-Curta
Tirando essa xenofobia cafona que não convence nem os próprios, o texto até que apresenta um assunto importante: a autonomia dos secretários, vítima frequente de governos centralizadores, que engessa iniciativas e um mal que ainda perdura até hoje em Chapadinha. Porém mais uma vez, como um fantasma sarcástico, vem a lembrança do passado em que a até a polícia, com delegados calças-curtas, só tinham independência para agir contra opositores do governo. Com eles é assim... Temas edificantes sempre perdem para a ironia.

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